Faltando
pouco mais de um ano para as próximas eleições municipais, a tendência é que o
debate político se acirre em Dois Irmãos. O aperitivo fica por conta da Câmara
de Vereadores.
Na
sessão de ontem, polêmicas requentadas e trocas de farpas marcaram a noite.
Saúde pública – como sempre – foi o estopim de algumas discussões acaloradas.
Primeiro a subir na tribuna, Márcio Goldschmidt (PT) se disse surpreso com a
saída do vice-prefeito Jerri Meneghetti da Secretaria de Saúde. Em entrevista
ao JDI, semana passada, Jerri confirmou que deve deixar a pasta após a
transferência do Posto 24h para junto do Hospital São José. Anelise Steffen, do
Departamento de Saúde, é a mais cotada para o seu lugar.
-
Não sei qual é o motivo da saída, só sei que o município gasta mais de R$ 515
mil por mês com o hospital e não encontra soluções para problemas sérios,
inclusive de limpeza. Na visita que fizemos recentemente, encontramos muita
sujeira. De acordo com ex-servidores do hospital, antes havia oito pessoas
trabalhando na limpeza; hoje são apenas três. Talvez ele esteja saindo porque
não conseguiu resolver os problemas na saúde – declarou Márcio.
O
petista também disse que faltam remédios, como insulina e fraldas para pessoas
com necessidades especiais, e criticou a atual administração:
-
Esse governo se elegeu com a promessa de revolucionar a saúde. A população
acreditou que essa administração resolveria os problemas na saúde, mas não é o
que estamos vendo – alfinetou.
Eliane
Becker (PP) rebateu na sequência:
-
Estamos muito bem se a preocupação de vocês é com a saída do Jerri... Seria bom
voltar e olhar os jornais de 2009, 2010, 2011 e 2012 para ver como era o caos
na saúde. Hoje, o município investe mais de 19% na saúde. É um custo bem alto,
ainda mais porque o governo federal e o governo estadual não estão cumprindo
com sua parte. Só do Governo do Estado, Dois Irmãos tem mais de R$ 1 milhão a
receber. Talvez, na cabeça, governar seja o que vocês fizeram com o Rio Grande
do Sul – disparou.
Léo
Büttenbender (PT) foi ponderado:
-
Não quero saber por que ele está saindo; quero que as coisas continuem
acontecendo com mais energia e mais força. Quero que as pessoas que estão na
fila de espera por cirurgias, exames e consultas recebam atendimento – afirmou.
Jair
Quilin (PDT), por sua vez, foi incisivo:
-
Não entendi por que o PT está preocupado com a saída do Jerri. Eu aplaudo que
ele esteja saindo. Ele sempre foi uma pessoa de fino trato, mas, nos últimos
tempos, anda muito estressado. Já disse que ele deveria ter saído de férias no
lugar da Tânia.
O
pedetista também fez duras críticas à gestão do Hospital São José:
-
Conversamos com ex-funcionários e eles contaram que a prefeitura sabia dos
atrasos nos depósitos de FGTS e INSS, mas que pediram para não fazer alarde. O
município repassa de 500 a 600 mil todo mês para o Instituto Vida e os
problemas não são resolvidos. Esse deve ser um dos motivos para a saída do
Jerri. O hospital está uma bagunça, ninguém sabe quem comanda – concluiu Jair.
DINHEIRO DO PETROLÃO
Muito
irritado com a manifestação de Márcio, Paulinho Quadri (PMDB) relembrou a
última campanha eleitoral, dizendo que o ex-prefeito Miguel Schwengber (PT)
recebeu doação de uma empresa que tem contratos milionários com a Petrobras.
-
Talvez com esse dinheiro que o Miguel ganhou do Petrolão daria para comprar as
fraldas e a insulina que faltam. Ele ganhou 25 mil de uma empresa e mais 7,5
mil em dinheiro vivo. Vocês deveriam estar preocupados com esse dinheiro sujo,
e não com a saída do Jerri.
O
peemedebista não poupou o governo federal:
-
Sabe por que pode faltar remédio? Porque o governo federal cortou mais de R$ 20
bilhões da saúde. Quem quebrou o país foi o PT, o Lula e a Dilma.
Joracir
Filipin (PT) não gostou e contra-atacou:
-
Se tem crise da Dilma e do Sartori, tem crise da Tânia também, com o Jerri
saindo da Saúde. Não vou nem entrar nessa discussão (sobre a administração
passada), pois as contas do ex-prefeito foram aprovadas pelo Tribunal de
Contas, passaram por esta casa e também foram aprovadas. Temos que nos
preocupar com as coisas do dia a dia – cobrou.
Márcio
cobrou que Paulinho comprove o que está dizendo:
-
Vou pedir que a Câmara faça um requerimento para ele provar o que está dizendo.
Se não comprovar, o Miguel deve entrar com uma interpelação contra ele.
Paulinho
retrucou, citando um documento sobre a empresa que teria feito a doação para a
campanha eleitoral do ex-prefeito em 3 de outubro de 2012.
DISCURSOS INFANTIS
Sérgio
Fink (PTB) não perdoou Márcio:
-
É um discurso infantil, de criança que saiu da creche. Parece que são
catequizados, que fazem cursos para destruir reputações. Eu podia muito bem ler
aqui toda a manifestação do Tribunal de Contas sobre a gestão do hospital na
administração anterior, mas no que isso vai melhorar? Estão preocupados com a
saída do Jerri, mas o que me preocupa é saber quem botou fogo nos prontuário
médicos de 2011... Isso, sim, é muito estranho – afirmou.
O
petista voltou à tribuna:
-
Para mim, a política é coisa séria. Esse mesmo vereador já contou piadas aqui
na tribuna e foi acusado de agressão – cutucou Márcio.
Sérgio
ficou indignado e o clima esquentou:
-
O Márcio mentiu em uma audiência e só não foi preso porque não estava como
testemunha, apenas como informante. Na semana que vem vou trazer aqui o
processo do qual fui absolvido. Ele usa do cargo público para denegrir a imagem
dos outros e fazer acusações levianas – devolveu.
Do
seu lugar, Márcio pediu questão de ordem. O presidente Filipin foi obrigado a intervir.
Depois do intervalo, ninguém mais se pronunciou.
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