A 25ª Feira do Livro de Dois Irmãos é atração a partir desta quarta-feira, na Praça do Imigrante. Ao longo do dia estão previstos bate-papos com escritores, apresentações de teatro e dança. A abertura oficial acontece às 19h30, seguida do espetáculo O Músico e o Mágico. Neste primeiro dia passarão pelo evento as escritoras Monika Papescu e Viviane Juguero, além da peça Macaco Bacana, com sessões às 10h e às 13h30.
- Convido as pessoas a prestigiarem a programação da nossa Feira do Livro. Acredito que não é preciso ter shows caríssimos e grandiosos. A gente precisa mostrar o que tem a nossa cidade e região. Vamos apresentar a peça ‘Epopeia’, teremos a Orquestra de Picada Café, encontro com escritores e artistas locais, além de outras atrações – diz o patrono da 25ª Feira do Livro de Dois Irmãos, Carlos Alberto Klein, o popular Betinho.
A programação segue até domingo, dia 9. Leia abaixo uma entrevista especial com o patrono.
Betinho Klein
“Temos que mostrar nossa cultura”
O Patrono da 25ª Feira do Livro de Dois Irmãos recebeu a redação do JDI para uma entrevista permeada de revelações e muito bom humor.
Carlos Alberto Klein, popular Betinho, 45 anos, é um importante ator, diretor e escritor da região do Vale do Sinos e Encosta da Serra.
Ele foi patrono da Feira do Livro de São José do Hortêncio no último ano, mas está orgulhoso em ser convidado em sua cidade natal para representar este evento cultural.
Como se sentiu ao ser convidado para patrono da Feira do Livro?
Betinho- Fiquei muito feliz, ainda mais por a Feira do Livro trabalhar a arte com a literatura. Sem dúvida, não tem como se afastar dessas duas artes quando se trabalha em teatro. Ao mesmo tempo é um presente para mim. Ter o reconhecimento cultural da cidade onde cresci é muito importante. Isso acaba englobando toda a cidade, minha equipe de trabalho do teatro, a plateia. É mais uma etapa, mais um desafio para mim.
O Patrono é só uma homenagem ou ele tem um papel especial no evento?
Betinho- O patrono tem vários bate-papos com o público e acaba tendo a oportunidade de falar um pouco da sua trajetória, principalmente focando na questão de que dá para se viver da cultura e da arte no Brasil. A oportunidade de ser patrono permite mostrar isso aos jovens, que existem muitas profissões diferenciadas nessas áreas.
Qual a importância da Feira do Livro para a cidade?
Betinho- Eu considero que uma Feira do Livro, não só em Dois irmãos, mas em todo o Brasil, tinha que ser evento obrigatório. Essa aproximação com os livros é de extrema importância na vida de qualquer pessoa. A família pode prestigiar um evento saudável, em que se respira literatura e cultura. O Rio Grande do Sul é onde mais se promove feiras do livro no Brasil. A grande maioria dos estados não tem feira, e Dois Irmãos já chega a sua 25ª edição. É um evento de cunho social. Antigamente, lia-se um livro e nem questionávamos quem era o escritor e o ilustrador. Hoje, temos a oportunidade de saber por que ele escreveu o livro, como construiu aquele personagem, como viveu o cenário daquela literatura e quem ilustrou. Tudo isso graças a feira do livro.
Como avalia o tema “Arte e Literatura, Todas as Formas de Leitura”?
Betinho- Não tem como separar as três áreas. Ainda estamos a passos lentos no Brasil, mas os filmes nacionais melhoraram muito, as artes plásticas conseguem defender uma ideia, uma identificação daqueles que desenham, e hoje tu escreve um livro e te aproxima do público. Eu acho que o tema é fantástico, e mais do que nunca temos que acreditar que isso precisa ser implantado nas escolas. Precisamos fazer com que crianças, jovens e adultos acreditem que a arte, a cultura e a literatura são mais que lazer, elas tem uma solução social no país. O próprio turismo agrega a arte e a literatura. Várias atrações da programação são ligadas a essas áreas.
E qual a importância deste tema no cotidiano de crianças e adultos?
Betinho- Isso se torna uma provocação saudável para as pessoas, no momento em que se afirma que a arte pode se transformar em literatura e vice-versa. Por exemplo: escrever um curta-metragem e criar um filme, escrever uma peça de teatro e querer colocar essa história no palco. Eu acho que é uma provocação saudável, que tem de ser contínua.
Quantos livros lançados? Será lançada mais alguma obra na feira?
Betinho- Como dramaturgia, tenho mais de 20 textos teatrais. Tenho publicado um livro chamado “Projeto Raízes”, com os três textos dos espetáculos teatrais “Esperando o Thiltapes”, “Natal na Colônia” e “O Retrato”. Muitas pessoas me pediam os textos, aí resolvi lançar esse livro. Neste sábado (dia 8), durante a Feira do Livro, estarei lançando o livro “Herta em: Uma visita especial”, com texto de Simone Saueressig e ilustrações de Beto Soares.
Tens algum artista como inspiração para tuas peças teatrais?
Betinho- Eu procuro buscar principalmente a realidade do povo, da imigração alemã, mostrar no palco um pouquinho da vida dessas pessoas. Uma pessoa que me inspirou muito, principalmente na peça “Esperando o Thiltapes”, foi o artista plástico Flávio Scholles. Através dos seus quadros, ele mostra a realidade dos imigrantes alemães que se transformou ao longo dos anos; ele acompanhou essas mudanças. E nós temos que mostrar a nossa cultura, o que nós vivemos e o que nós somos. Nós herdamos características da Alemanha, mas nós temos características próprias. A gente trouxe um grupo de teatro da Alemanha nas últimas semanas e percebemos que não falamos um dialeto errado, pois compreendemos o idioma. Isso é um verdadeiro intercâmbio cultural. O Flávio Scholles, para mim, é uma inspiração, pois ele pintou as mulheres vendendo flores, as famílias indo para a roça de manhã cedo... Essas são as características e riquezas da nossa região que não podemos perder.
Quem é Carlos Alberto Klein?
Betinho- Um sujeito gordinho, fofinho e bonitinho (risos). É um cara que sempre pensou em viver da cultura, desenvolver a cultura. O meu maior foco é de que a cada ano sempre pudesse ter novos desafios. Nasci em Dois Irmãos e vivi praticamente toda a minha vida aqui. Realizei um dos meus sonhos que era ter um teatro próprio na cidade de Dois Irmãos, de ter pessoas trabalhando junto comigo na cultura e de formar uma plateia. Sou uma pessoa de coisas simples, que gosta daquilo que faz, um verdadeiro apaixonado pelo seu trabalho e que sempre tenta buscar novos caminhos e novas lideranças.