A menos de um mês para o Kerb de São Miguel, um assunto gerou polêmica esta semana em Dois Irmãos: o grupo festivo Bullets United vai trazer para a sua festa o show do Mc Jean Paul. O assunto repercutiu em lugares como as redes sociais, na Câmara de Vereadores, em um pronunciamento do vereador Sérgio Fink; e também foi citado durante uma reunião do Conselho Municipal de Cultura. As opiniões são diversas. Em um dos comentários postados em uma rede social, é relembrado o fato de que, no ano de 2012, a administração chegou a contratar uma escola de samba para se apresentar no Kerb, o que acabou não acontecendo. O Kerb dos grupos festivos ocorre nos dias 27 e 28 de setembro.
O JDI ouviu a opinião de representantes de grupos festivos, especialmente do Bullets United, e o secretário municipal de Turismo, João Luiz Weber. Leia a seguir:
Vantuir Wiest, do HSG
“É preciso trazer novidades, mas que enalteçam a cultura”
Vantuir Wiest é um dos fundadores do HSG (Hunsrück Stammtisch Gruppe) Aus Baumschneis, grupo criado oficialmente em 29 de setembro de 2003, Dia do Arcanjo São Miguel. Desde então, eles vem divulgando o evento de tradição alemã e são atração no Kerb e outros eventos culturais, que enaltecem, em especial, a tradição do povo germânico. A vinda de um funkeiro para as festividades do Kerb não foi bem vista por Vantuir e os amigos do grupo, tanto que ele resolveu postar um texto em seu blog. De acordo com Vantuir, é preciso sim trazer novidades ao evento, mas que enalteçam a cultura. “Não podemos fazer um Kerb de 1940. Na Alemanha, por exemplo, em cidades como Colônia e Munique, ou até em Blumenau, que está mais próximo de nós, há regras para participar das festas como o Kerb daqui. Eles cultivam suas culturas, mas, ao mesmo tempo, modernizam suas festas. As músicas típicas trazem sons de guitarra, no ritmo do rock, por exemplo. Nós, do HSG, nos espelhamos em festas como estas e há quatro anos fazemos nosso Kerb baseados neles”, destaca Vantuir. “Muitas pessoas daqui vão para Blumenau e se vestem com roupas típicas. Por que aqui eles têm vergonha?”, questiona ele.
“Cada um decide o que faz”,
diz secretário João Luiz
O secretário municipal de Turismo, João Luiz Weber, destacou que “cada um decide o que faz”. “Com ou sem Mc, sempre se tocou outros estilos musicais nos grupos festivos”, comenta ele, ressaltando que, nos espaços oficiais do Kerb (com programação da prefeitura) só haverá bandinha.
Conselho de Cultura
Na última quarta-feira, dia 27, durante reunião do Conselho de Cultura, os estilos musicais tocados durante o Kerb também foram discutidos. “Não nos posicionamos especificamente sobre o fato de um grupo trazer um funkeiro. O que destacamos é que seria importante manter a tradição alemã e que se tocasse só música tradicional”, diz a presidente Solange Kamphrost. Nos bastidores, circulou a informação de que o Conselho de Cultura se colocaria oficialmente contra o show do funkeiro, mas ela disse que não há nada neste sentido. A próxima reunião do conselho será no dia 3 de setembro.
O que diz o Bullets United
Pietro Rosso
Representante do grupo
“O nosso Clube Festivo Bullets United está na 6ª edição do Kerb, e neste ano vamos trazer um músico de funk para fazer um show de 1 hora. Todos os anos, como de costume, colocamos músicas temáticas alemãs até início da noite e depois diversificamos com todos os estilos de música, independente de gostos musicais. Nós sabemos que o Kerb é uma comemoração típica alemã, com sua cultura e costumes, e nestes cinco anos sempre mantivemos a tradição, dando espaço também para outros estilos musicais. Sem preconceitos, o evento é realizado seguindo o bom senso social e, como todos os grupos, diversificamos no repertório de músicas para contemplar todos os gostos.
Nosso evento é realizado todos os anos, e de forma unânime decidimos por inovar na programação musical com o respaldo e pedidos pelo grupo de jovens que frequenta nossa festa. Esta polêmica que está ocorrendo com nosso grupo não nos compromete a alterar o que já está definido. O Bullets Kerb traz pessoas de todo Rio Grande do Sul, e é sempre muito elogiado, fazendo com que muita gente retorne e sejam fiéis a nossa festa. Não estamos fazendo mal a ninguém, muito pelo contrário, estamos levando o nome da nossa cidade para outros lugares e mostrando o quão divertido é o Kerb de Dois Irmãos. Este show que traremos será um a mais no trabalho que já viemos fazendo desde 2008.
Nossa festa é particular, ou seja, não estamos fazendo uso do dinheiro público, muito pelo contrário, todo gasto que temos vem do nosso caixa e parte de patrocinadores. Portanto, seria de certa forma um questionamento vazio afirmar que não estamos seguindo os costumes da nossa tradição”.
+1 Clube Festivo
Fernando Mosiaga
Representante
“Hoje, infelizmente, graças ao mundo capitalista que vivemos, todas as datas festivas viraram comércio, Natal, Páscoa, Dia dos Pais, das Mães e aí por em diante. Eu, sinceramente, não gosto de funk, mas aí eu pergunto: quem nunca cantou, dançou e deu risada em alguma festa embalando por um funk? Achei uma baita jogada de marketing do pessoal. Hoje o que move o Kerb são os grupos festivos, que trazem público de fora e que mais divulgam. Ao menos eu já vi propaganda de todos os clubes festivos no Facebook, Instagram, Twitter, e da prefeitura não vi nada até agora. Então, se chamou público, para eles a iniciativa foi válida”.
Assim, aos poucos, vão se perdendo as características de cada cultura. Chamam a isso ''globalização''. Infelizmente o mundo vai se padronizando, perdendo a diversidade, que é um dos temperos da vida. Os países europeus são um exemplo claro dessa babelização do mundo. Hoje, já quase não se distingue algumas cidades da Inglaterra de cidades do Paquistão, com suas mesquitas se espalhando feito cogumelos e pessoas aos milhares com trajes típicos de seus países de origem. Bairros inteiros de Londres tomados por estrangeiros que mal falam o idioma. Não é só no Reino Unido que sucede essa corrupção dos costumes. O mesmo fenômeno acontece na Alemanha, Suécia, França, etc...Por isso, me parece saudável deixar o baile funk fora dessas comemorações, pois nada tem a ver com o evento, nem com a cidade.
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