As
contas de energia elétrica devem subir, em média, 40% em 2015, segundo
estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O aumento é bem
maior do que o que consta no relatório de inflação do Banco Central, que previa
alta de 17% e pode representar um acréscimo de 1,2 ponto porcentual no índice
de inflação (IPCA) deste ano. Na conta da Aneel já está previsto o fim da ajuda
do Tesouro Nacional às elétricas. Em ano de corte de gastos, o governo disse
que não bancará mais o rombo financeiro, deixando para trás a política baseada
em subsídios ao setor com o objetivo de baixar a tarifa ao consumidor. Em 2014
foram emprestados 17,8 bilhões de reais às elétricas, conta que ainda será paga
pelos brasileiros.
Se
o consumidor comum já anda preocupadíssimo com o aumento que pode pintar na
conta de luz, imagina a diferença que um reajuste de 40% fará nos cofres
públicos e no caixa de empresas. Só no ano passado, a prefeitura de Dois Irmãos
desembolsou R$ 879.497,20 para pagar a energia elétrica de seus imóveis e
serviços. Quase a metade deste valor corresponde à iluminação pública (R$
412.988,79). Para o secretário municipal da Fazenda, Juarez Stein, caso se
confirme a previsão da Aneel, será um aumento “absurdo, terrível”.
- É uma situação
extremamente delicada, que mexeria muito nas contas do município. Não dá nem
para imaginar que isso venha a acontecer, mas estamos vivendo num Brasil
diferente, em que muita coisa está acontecendo. O jeito será poupar onde der – comenta Juarez.
Ele
lembra que Dois Irmãos e Ivoti são os únicos municípios da região que não tem
contribuição para iluminação pública e faz um comparativo com a arrecadação do
IPTU.
- Para se ter uma
ideia, todo o IPTU arrecadado no ano passado foi de 4 milhões e 50 mil reais.
Com o reajuste de 5,49% em 2015, a previsão é arrecadar cerca de 220 mil a
mais. Se for confirmado esse aumento de 40% na luz, nossa conta vai subir em
aproximadamente 350 mil. Ou seja, o que a gente arrecadar a mais no IPTU deste
ano não vai pagar a diferença na luz – analisa o secretário da Fazenda.
MAIS DETALHES
A
Secretaria da Fazenda de Dois Irmãos fez um levantamento dos gastos da
prefeitura com energia elétrica em 2014. Entre as maiores contas estão as das
escolas municipais (R$ 110.552,73), a da Usina de Reciclagem de Lixo (R$
57.337,63), a do Palácio 10 de Setembro (R$ 45.424,49) e a de poços e ligações
de água (R$ 51.850,58). No Largo Felippe Seger, local de evento como o Natal
dos Anjos (foto), a conta de luz fechou em R$ 4.978,87 no ano passado.
MAIS NÚMEROS
Empresas
e outros órgãos também sofrerão forte impacto se o reajuste se confirmar. A
indústria de calçados Wirth, por exemplo, pagou R$ 86.275,71 de energia
elétrica na conta do mês de novembro, incluindo a matriz em Dois Irmãos e as
filiais de Morro Reuter e Santa Maria do Herval. A Henrich Carrano tem um gasto
médio mensal de R$ 75 mil. No Hospital São José, a conta foi de R$ 7.200,00 em
novembro. Já o prédio do Fórum teve um gasto de R$ 1.608,19 no mesmo mês. A
Câmara de Vereadores teve média de 540 reais nos últimos três meses, pagando R$
499,21 em novembro, R$ 796,30 em dezembro e R$ 519,54 em janeiro.
MORRO REUTER
Em
Morro Reuter, a prefeitura pagou R$ 282.457,99 em energia elétrica no ano
passado, sendo 115 mil somente na iluminação das ruas. O reajuste, se vingar,
acarretará um aumento de 112 mil reais nas contas do município.
O
secretário da Fazenda lamenta:
- Esse é um
dinheiro que deixará de ser usado em obras e serviços. O pior é que os municípios
não podem criar novos tributos, como faz a União, que ressuscita carcaças
velhas como o CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) – diz Afonso
Bastian, indignado.
Para
o secretário da Fazenda, a presidente Dilma mentiu durante a campanha
eleitoral.
- Ela não tem
legitimidade para determinar esses aumentos, pois na campanha declarou que
não faria o que está fazendo agora. Se isso
é necessário ou não, é outra questão. Mas lá atrás não era. Infelizmente, temos
que sustentar as mamatas desse país – reclama Afonso.
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