Blog do Jornal Dois Irmãos


10 de jul. de 2015

A vitória do professor Lúcio


Em novembro do ano passado, o professor Lúcio Habitzreuter estava sentindo o estômago queimando, numa típica sensação de gastrite, e foi ao médico, em Sapiranga, para saber o que tinha. Ali foi feita uma endoscopia e, a seguir, lhe deram tratamento de um mês, com medicamentos. Ao final daquele mês, ele voltou lá e lhe fizeram uma segunda endoscopia. 
Ao ver o resultado, o médico chamou o professor Lúcio e disse secamente:
- A gastrite está curada, professor. Mas você está com câncer no estômago. E é câncer galopante. Ou você opera hoje mesmo, ou então vai morrer.

Foi um soco nos peitos. E o professor Lúcio gelou. A notícia, dada daquela forma, ganhou proporções inimagináveis no cérebro dele, e Lúcio saiu desesperado para marcar uma cirurgia. 
Mas, talvez por sorte, bateu no muro do “sistema”. E lhe informaram que “não era bem assim” para fazer uma cirurgia. Ele teria de marcar uma consulta e, então, esse outro médico é que avaliaria e marcaria a cirurgia e blá blá blá.
O professor voltou para casa, com todo os sobressalto que uma notícia dessa causa na pessoa, e contou para a esposa e, também, para os demais da sua família. 
A cidade de Dois Irmãos, que tem grande admiração pelo trabalho profissional e humano do professor Lúcio, entrou em transe ao saber que ele estava com câncer. Começaram em centenas de casas as orações solicitando amparo de Deus ao querido amigo e professor, que é pessoa de grande caráter, bondade e honra, alguém realmente muito querido por todos.
Ocorre que o professor tem uma irmã que é religiosa, a Irmã Nelci, e que trabalha em Porto Alegre. E lá ela tem amigos médicos com larga experiência nessa área clínica. E foi a um desses médicos, o doutor Ricardo, que o professor foi encaminhado. 
O médico constatou a gravidade do fato. E elogiou a segunda endoscopia, solicitada pelo colega de Sapiranga, pois nem sempre essa segunda endoscopia é feita e sem ela não se teria detectado a tempo o câncer que atingira o estômago do professor.
Havia sim que operar, disse o médico em Porto Alegre. Mas acalmou o professor Lúcio, dizendo-lhe que isso poderia ser feito em algumas semanas.
O professor foi então encaminhado ao hospital da PUC, em Porto Alegre, através do Instituto de Previdência do Estado, o IPE, e realizou diversos exames. Era preciso ver se o mal não havia se alastrado, se não tinha caminhado para outras regiões do corpo, o que felizmente não havia acontecido. E, feito, isso, marcaram a cirurgia para o dia 29 de abril deste ano de 2015.
A cirurgia foi feita. Chama-se Gastrectomia total, e nela foi retirado todo o estômago do professor. 
A princípio isso parece impossível. Como alguém vai viver sem estômago? Mas a medicina evoluiu, e o professor é um exemplo. 
Ele conta que ligaram o seu intestino ao esôfago. Simples assim. E todo alimento que ele ingere vai direto para o intestino. E fim de conversa.

Feita a cirurgia, que durou algumas horas, mandaram o professor para a sala de recuperação. Lhe disseram que ficaria um mínimo de 10 dias no hospital, mas alertaram que praticamente ninguém fica menos que 20 e poucos dias, após uma cirurgia como essa.
Lúcio é um homem de 54 anos e bem saudável. Não bebe. Não fuma. Faz caminhadas. E tem um posicionamento positivo diante da vida. 
Lúcio é um Ser Humano 3B: é um homem de bem e do bem, que sempre está de bem com a vida. Homem que sorri e que está sempre disposto a ajudar as pessoas e a dar o melhor de si em função do que faz, seja para si, seja para os outros. 
Foi com essas características que o professor já no segundo dia estava caminhando pelo quarto de recuperação. Lento, é claro, mas caminhando, conta ele sorrindo. 
E no oitavo dia pós-cirurgia, mas já dizendo que se abismavam, os médicos foram lhe dizendo que ele sairia no décimo dia.

Lúcio voltou para casa e, já não tendo o estômago, terá de manter uma dieta de alimentos pastosos por três meses. Ao final dos três, ele já começará a comer com vagar qualquer tipo de alimento, mas comendo sem pressa, é claro, saboreando. 
Perdeu 12 quilos na largada. E 12 quilos é uma paulada, para quem não era gordo. Mas Lúcio nem liga. Ele sabe que vai recuperar esses 12, pois a dieta para o futuro não existe, já que segundo recomendação médica ele deverá comer qualquer coisa, sem restrição alimentar.

Nesta sexta-feira o professor veio ao Jornal Dois Irmãos, visitar amigos, e já entrou sorrindo e sendo cumprimentado por todos. 
Aos 54 anos, esse homem de Cândido Godoi pode se considerar um vitorioso. Ele chegou a Dois Irmãos através de concurso para professor, em 1987, quando era prefeito Romeo Benício Wolf (que Deus o tenha!) e secretário de Educação Osório Schneider. Assumiu a escola Francisco Weiler, em Picada São Paulo, com unidocência, dando aula para vários anos letivos na mesma sala de aula. Depois foi colocado na escola municipal Paulo Arandt, no bairro São João, onde se notabilizou como diretor, e de onde saiu para dirigir a escola 29 de Setembro, no Moinho Velho, que ajudou a remodelar e engrandecer tal qual fez e faz em todos os lugares por onde passa. 
Agora nos dá outra lição, pois diante de uma cirurgia como essa ele poderia se sentir fraco ou desesperançado. Mas não. Se acabrunhar não é para o Lúcio. E ele decidiu que em agosto, findo apenas três meses da cirurgia, retornará para a escola, e seguirá sua vida normal, com fé, boa disposição e grande alegria.

Esse é o professor Lúcio.
Palmas. E parabéns, professor Lúcio. 
Parabéns!

(Texto: Alan Caldas)

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