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As agressões são físicas e verbais e atingem, principalmente, mulheres entre 30 e 40 anos. Nos casos, a vítima mais jovem tem 20 anos de idade. De acordo com as coordenadoras - nenhuma delas será identificada nesta reportagem por questão de segurança -, não há como traçar um perfil das mulheres e jovens agredidas. “São mulheres de diversos bairros e de diversas classes sociais. Porém, as vítimas da classe média e alta relutam mais a denunciar as agressões, até pela questão do status.
Nestes casos, sabemos que quando denunciam, é porque já não suportam mais a situação”, explicam elas.
Segundo a coordenação, antes de existir o Centro de Assistência, o número de agressões já era alto, e a partir de agora a demanda deve ser ainda maior. “Além disso, com o centro em funcionamento poderemos fazer um levantamento mais preciso dos casos e incluir nos índices do Estado”, destaca.
Agressões ligadas ao álcool e drogas
Entre os casos registrados até o momento, uma das coordenadoras destaca que há algumas semelhanças. “Em todos os casos, o agressor estava sob efeito de álcool ou de drogas. Outra coisa que identificamos nos casos que atendemos é que quase todas as vítimas já tinham sido agredidas, e a grande maioria delas já contava com medida protetiva a seu favor. Das que ainda não tinham medida, agora algumas já tem”, diz ela, destacando os medos enfrentados pelas vítimas ao denunciar as agressões. “Muitas das mulheres que nos procuram e não querem registrar ocorrência ou pedir medida protetiva, é porque não querem romper o vínculo afetivo que tem com o agressor”, explica a coordenadora.
Três mulheres já foram abrigadas
Desde o dia 1º, três mulheres agredidas já ficaram abrigadas no Centro de Assistência de Dois Irmãos. Das três, apenas uma das vítimas já tinha medida protetiva, mas todas já tinham sofrido outras agressões. Duas delas estiveram abrigadas no último domingo. Eram mãe e filha. O agressor, marido de uma e genro da outra. A filha foi agredida física e verbalmente e a mãe, verbalmente. As duas procuraram ajuda no centro.
“A filha precisou passar por atendimento no Posto 24h, em razão das agressões. Agora, seguem com acompanhamento psicológico”. Em nenhum dos casos, as vítimas tem filhos.
E quando há filhos?
De acordo com as coordenadoras, se a vítima tiver filhos de até 12 anos 11 meses e 29 dias, estes poderão ficar abrigados no Centro de Assistência, junto com a mãe. No local, diversos brinquedos estão a disposição das crianças.
Quem são os agressores?
Nos 16 casos que chegaram ao conhecimento do Centro de Assistência, em 14 deles os agressores foram os próprios companheiros das mulheres. Em um caso, o agressor foi o genro e em outro, o agressor é o próprio filho da vítima, um garoto de 15 anos. Neste caso, há o envolvimento do Conselho Tutelar, já que o agressor é um menor. “Na maioria dos casos, o agressor foi criado em uma cultura onde as mulheres devem ser submissas aos homens, e nós queremos conscientizar a sociedade de que a mulher está ao lado dos
homens, e não abaixo deles”, conclui uma das coordenadoras.
Como denunciar?
Para denunciar casos de agressão, o telefone de contato é 3564-1692. O serviço está disponível durante 24h. A partir da próxima semana, um número de celular também estará a disposição da comunidade e será divulgado posteriormente.
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