Blog do Jornal Dois Irmãos


2 de ago. de 2013

Eles venceram juntos essa luta

   Em 8 de julho de 1998, o Jornal Dois Irmãos divulgava uma matéria sobre um garoto de 16 anos, vítima de paralisia cerebral. O trauma no parto atingiu sua parte motora, os senti­dos e o intelecto. Na reportagem, ele, ao lado da mãe, contou sobre suas dificuldades, mas sempre fazia questão de destacar a vontade em progredir, em superar os desafios que lhe foram lançados desde pequeno.
Hoje, quase 16 anos depois, essa história já traz novas vitó­rias e uma série de superações. Rafael Alles hoje tem 31 anos. Os progressos, tanto na parte motora quanto nos sentidos, são impressionantes. Admirado por quem o conhece desde peque­no e também aqueles que o conhecem ha pouco tempo.

Nesta semana, anos depois da primeira conversa com o JDI, ele e a mãe Hilária Alles lembram emocionados de tudo o que já viveram. “Ele começou a caminhar aos 8 anos de idade, depois de quatro cirurgias. Tinha muita dificuldade na fala, nos movimentos. Fez fisioterapia durante muitos anos, frequentou a APAE de diversas cidades, inclusive Dois Ir­mãos. Uma das coisas que mais me chocou, mas que também foi uma das que mais me deu força para continuar lutando pelo progresso dele, foi quando uma moça me disse, na cara dura, que eu não podia ter pena dele”, conta Hilária. O pai de Rafael, José Remi, é falecido há quase oito anos. “Desde então, cumpri os papéis de pai e mãe. Superamos tudo juntos. Eu faria tudo de novo, é uma lição de vida”, completa Hilária, com um belo sorriso no rosto.

Campeão nos ringues da vida, e quem sabe um futuro campeão do Muay Thai
 A conversa entre o JDI e a mãe de Rafael aconteceu na Academia Xtre­me, em Morro Reuter, onde Rafael treina Muay Thai. Isso mesmo. Ele so­nha em ser um campeão dos ringues. Após o início nas aulas, uma melhora significativa foi percebida nele. Rafael iniciou os treinos em janeiro deste ano, e já recebe elogios do treinador e dos colegas. “Tenho muito orgulho de ver como o Rafa progrediu. Quanto mais difícil o desafio, mais gratificante. As limitações dele não impedem que ele faça atividades. O primeiro cruzado que ele deu foi emocionante. A cada conquista dele, a gente vibra junto. É um exemplo de superação. Além de tudo, ele tem uma força impressio­nante”, destaca o treinador Rossano Weber. “Depois de começar as aulas, ele teve melhora em tudo”, diz a mãe. “Ele não conseguia deixar o braço reto, hoje já consegue. Também tinha pro­blemas na movimentação do punho, hoje já não tem mais. A melhora dele é impressionante, e um motivo de orgu­lho para todos nós aqui da academia”, completa Rossano.

Rafael também agradece ao treina­dor e aos colegas pela paciência e de­dicação. “Nestes 7 meses vejo que sou outra pessoa. Eu não conseguia fazer quase nada. Hoje já faço o jeb direto, cruzado, apoio. Tenho um pouco de di­ficuldade no polichinelo, mas vou me­lhorar aos poucos. Meu pulso era tor­to, quase não conseguia mexer. Hoje, graças a Deus e ao meu treinador, já melhorei muito. Tudo isso ajudou tam­bém no meu trabalho”, diz Rafael, que trabalha no Mercado Piá, em Morro Reuter, há quase 3 anos. Com um sorriso meio tímido, ele fala do seu sonho. “Um dia ainda vou entrar no ringue e lutar como os meus colegas, como o meu amigo Ali­seu”, diz ele, emocionando a to­dos que estavam ali perto. “Ele nos acompanha em todos os eventos”, diz Rossano. “No primeiro, quando o Pin­ga entrou no ring, gri­tei tanto que quando ele saiu eu estava sem voz. Em todas as lutas, quando um da nossa equipe en­tra no ringue, eu fico muito nervoso”, conta Rafael, aos risos.

No trabalho...
    As aulas de muay thai refletiram também em melhoras no trabalho de Rafael, que é elogiado pela gerente Adriana Acker. “Ele tem melhorado na disciplina, assim como em todos os outros aspectos. Nunca tivemos pro­blemas com ele, bem pelo contrário, o Rafa é muito querido por todos aqui. É muito educado, respeita de maneira incisiva”, elogia Adriana, destacando que sempre há uma pessoa para dar suporte ao colega. “Ele trabalha no abastecimento de prateleiras e está sempre disposto a ajudar. É muito forte, inclusive. Além de tudo, ele acaba se socializando cada vez mais. Os meninos daqui gostam muito de conversar com ele sobre futebol”, diz ela.
Ah... disseram também que o Rafael não dei­xa mais cair garrafas de refrigerante pelo mer­cado. Quando questionado, ele dá risada.

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