Blog do Jornal Dois Irmãos


30 de ago. de 2013

No país das bicicletas


 O estudante do curso de Publicidade e Propaganda Christiaan van Hattem está morando na Holanda para um in­tercâmbio de estudos, promovido pela parceria entre a Unisinos e o Ciência sem Fronteiras. Christiaan chegou ao país em janeiro de 2013 e, desde então, muitas coisas mudaram em sua vida.
Antes da viagem, ele tinha uma roti­na bem intensa, estudando e trabalhan­do como fotógrafo na Unisinos. Hoje a rotina se mantém agitada e é marca­da por novas descobertas. “Cada vez que boto o pé na rua eu aprendo algo novo”, conta. O olhar de quem vê a vida através das lentes de uma objetiva Christiaan levou junto para a Holanda, observando de forma bastante peculiar cada pôr do sol, os campos de tulipas e as ruas lotadas de bicicletas. “O país é sensacional, a fama de chuvoso e frio não condiz com a energia que se en­contra aqui”, relata o dois-irmonense.
A capital holandesa, Amsterdam, voa alto no cenário mundial, sendo uma das potências comerciais e culturais mais importantes da Europa. O estudante, que é descende de holandeses, tem um apre­ço especial pela cultura do país, retratada por meio de museus, parques, concertos e festivais internacionais. Além da bagagem cultural que está acumulando ao longo da viagem, o grande ganho da experiência, para Christiaan, é a chance de poder, futu­ramente, compartilhar seu aprendizado para ajudar no desenvolvimento do Brasil.
Apegado às tradições, o bom e velho chimarrão é seu companheiro inseparável de viagem, e recentemente ganhou a com­panhia de uma bicicleta. Os três percorrem diariamente as ruas do país, onde Christiaan segue atento a cada detalhe, buscando eter­nizar cada momento. Leia a entrevista:

Como era sua rotina antes da viagem?
Christiaan: A minha rotina antes da via­gem era bem intensa. Todos os dias eu ia de Dois Irmãos para São Leopoldo, trabalhava como fotógrafo na Unisinos e fazia cinco dis­ciplinas do curso de Publicidade e Propaganda.

Por que você resolveu participar do Pro­grama Ciência sem Fronteiras?
Christiaan: Os principais motivos foram o interesse em fazer um intercâmbio, aper­feiçoar o inglês, conhecer o mundo e, con­sequentemente, adquirir uma bagagem cul­tural, valorizando a experiência acadêmica. Buscava encontrar uma forma de cursar par­te da minha graduação no exterior, e o CSF contemplava exatamente o que eu procurava: um ano de estudos na Ho­landa com aproveitamento no retorno ao Brasil, na universidade de origem. O propósito do programa também é um dos meus pontos motivadores. Viajar ao exterior para trazer para o Brasil conhecimento que, aplicado e compartilhado, pode, de alguma forma, ajudar no desenvolvimento do país.

Quais eram suas expectativas?
Christiaan: Havia grandes expec­tativas, especialmente em relação ao estudo, ao curso escolhido. Também em relação às diferenças culturais e dúvidas a respeito da adaptação. Essa é minha primeira experiência morando sozinho e longe da família e amigos.

Como está sendo a experiência de morar e trabalhar na Holanda?
Christiaan: A Holanda não foi um acaso na minha escolha de país, eu já vinha tendo vontade de morar aqui há muito tempo. O país é sensacional, a fama de chuvoso e frio não condiz com a energia que se encontra aqui, seja nos cam­pos de tulipas, nos canais, nos moinhos de vento ou na cidade icônica e que não para, Amsterdam. Sim, aqui é o país das bicicletas. São milhões! Às vezes, a quantidade delas nas ruas é maior do que o número de habitan­tes. Eu, nas primeiras semanas, já comprei a minha eterna companheira. Uso todo dia para ir e voltar da faculdade, pedalo cerca de 15 quilômetros. Estou estudando na Hogeschool van Amsterdam ou Amsterdam University of Applied Sciences, uma das maiores da Ho­landa, com mais de 30.000 alunos. Vou fazer dois cursos neste ano, no primeiro semestre estou cursando Global Trendwatching; no segundo, International Journalism. A expe­riência de estudar com pessoas dos quatro cantos do mundo é única e muito interes­sante. Cada dia é cheio de novas curiosida­des e aprendizados com outra cultura. Não trabalho, porque o programa não permite.

O que você aprendeu de mais importan­te para sua vida profissional e pessoal?
Christiaan: O aprendizado aqui, tanto pro­fissional quanto pessoal, é constante. Cada vez que boto o pé na rua eu aprendo algo novo. Mas principalmente na questão de sair da zona de conforto e ver o mundo de formas diferen­tes. Recomendo essa experiência para todos os estudantes, o programa vem sendo uma iniciativa louvável do governo e acredito que vá trazer ótimos resultados para o país.

Qual sua expectativa para o retorno?
Christiaan: É retomar os estudos na Uni­sinos, compartilhar meu conhecimento ad­quirido aqui de alguma forma com o meio acadêmico e, principalmente, aproveitar as amplas oportunidades que o Brasil possui.


O que mais está gostando na Holanda e o que sente mais falta daqui do Brasil?
Christiaan: Acredito que é difícil sinte­tizar o que mais gosto daqui, a experiência toda está sendo excelente, mas a Holanda su­perou minhas expectativas. Um país bonito, bem organizado, com o sistema de transporte público altamente completo, com um povo peculiar e uma língua um tanto complicada de se aprender. Ah, claro, o país com o me­lhor queijo do mundo. Do Brasil, o que mais sinto falta são as pessoas, em especial família e amigos. O chimarrão me acompanha aqui, mas um churrasco me faz uma falta danada.

(Michelli Machado / Unisinos)

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